terça-feira, 14 de maio de 2024

Doce de Fraca Saúde

  

Se as embalagens antigas são normalmente fascinantes, a que nos trazem qualquer tipo de informação são-no ainda mais.

Neste caso trata-se de uma embalagem de doces do século XIX. De fabrico manual, como era habitual, apresenta a base em madeira e é construída em cartão forrado a papel.

Foi, contudo, o rótulo que me chamou a atenção. O título informa-nos que se trata de um “Doce de Fraca Saúde”, remetendo-nos para uma época em que o açúcar era considerado terapêutico. O seu uso inicial, nas Farmácias, só depois foi desviado para as Copas e outros locais de confecção de doçaria.

Desconheço que tipo de doce conteria, sendo possível que se tratasse de uma conserva de fruta, isto é, de uma fruta cristalizada, uma forma de preservar o fruto mais tempo e que se adaptaria bem a este tipo de caixa, como aconteceu com as ameixas de Elvas.

Quanto ao produtor Adelino Pinto, que tinha o seu comércio em Coimbra, na zona de Celas, nada consegui saber. Pode saber que alguém da zona venha a descobrir.

PS:
Apenas consegui detectar uma notícia no jornal Gazeta de Coimbra, de 25 de Fevereiro de 1912, onde se encontrava o seu nome incluído numa lista de pessoas doentes, mas não posso confirmar tratar-se da mesma pessoa.


sexta-feira, 3 de maio de 2024

Uma ementa, um livro de curso e uma homenagem (Não precisamente por esta ordem)

  

Foi um acaso descobrir este livro de Curso dos Quintanistas de Medicina de 1938-9. Estes livros de final de curso, sobretudo de Medicina e de Direito, foram muito frequentes na primeira metade do século XX, em especial entre 1920 e 1960.

Neles surgia uma biografia humorística e um desenho de cada aluno, feitos por artistas ou colegas mais ou menos talentoso. Em poucas linhas desenhava-se uma imagem do caricaturado, com as suas características de então e o que se esperava que fossem no futuro. Na grande maioria são desinteressantes e não conhecendo os visados despertam-nos ainda menos a curiosidade.

Neste volume, em concreto, descobri o meu grande mestre e Director de Serviço, com quem aprendi Hematologia e me ensinou a ser uma médica responsável. Trata-se do Dr. Renato Valadas Preto que, juntamente com o Prof. Ducla Soares foram os fundadores da Hematologia em Portugal.

A sua figura de pequena dimensão contrastava com a sua enorme inteligência. Tive sempre um fraquinho por pessoas inteligentes, o que reconheço ser uma injustiça porque não corresponde a um esforço da pessoa. Nasce-se inteligente e depois pode desenvolver-se a mesma ou aplicá-la a fins mais ou menos elaborados. Mas a genética é fundamental. No caso do Dr. Valadas Preto que, normalmente era calado, mas atento, arguto e irónico, as palavras tinham um peso tremendo. Ouvir as suas afirmações era como acompanhar uma engrenagem mental a trabalhar de onde saía uma conclusão brilhante. Nunca conheci ninguém assim até hoje, apesar de ter o prazer de conviver e de me cruzar com pessoas com inteligência acima da média.

Recordo ainda alguma das suas frases sublimes, uma das quais me vem muitas vezes ao espírito, quando alguém faz uma observação inadequada. De forma sóbria dizia: “Não vem a propósito, nem é brilhante”. Terminava, naquele momento, a conversa de ocasião.


Dentro do livro encontra-se também o programa da récita e, imaginem, a ementa dos 25 anos de curso, em 1964. Vale a pena analisar as personagens e os pormenores.




quarta-feira, 24 de abril de 2024

O 25 de Abril há 49 anos

Aproximamo-nos do acontecimento de 1974.
Depois de imagens de há 45 anos, numa bela colecção de postais, um cartaz de 1975 (de entre muitos da colecção da "casa"). Uma de muitas memórias da época.

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Nos 50 anos do 25 de Abril

Assinalo os 50 anos da Revolução de 25 de Abril com uma mostra de parte de uma colecção de postais publicados nos 5 anos dessa data.


Palavras para quê? Todos excepcionais feitos por importantes artistas portugueses.


E nem as crianças deixaram de colaborar com a sua visão!





quarta-feira, 17 de abril de 2024

Um brinde da Taberna Ingleza

 

A empresa que havia fundado a Taberna Ingleza, em 1908, ofereceu aos seus clientes um pequeno Almanack-Brinde para o ano de 1909.

Situada na Rua Jardim do Regedor, 33, em Lisboa, perto dos Restauradores, numa zona então muito movimentada, era descrita como “um elegante restaurante que tomou o título da célebre e bem conhecida Taberna Ingleza, que há anos existiu no Cais do Sodré”.

Referia-se assim a um dos restaurantes que existiu na zona ribeirinha, no local onde se situava um botequim do Marrare. António Marrare fundou quatro botequins: o de S. Carlos à esquina da Rua da Figueira (hoje rua Anchieta); o chamado Marrare das Sete Portas no Arco do Bandeira; o Marrare de Polimento no Chiado, e o do Cais do Sodré N° 9, à esquina da Travessa dos Romulares.

Este último acabou em 30 de Junho de 1827,[1] e daria lugar à Taberna Ingleza. Esta daria depois lugar ao Café Price. Em 1880 no Novo Guia do Viajante era referido: “Fornece almoços e mesmo jantares à inglesa; é notável pelos seus bifes, e muito frequentada por estrangeiros e marítimos”.[2]

 Esta nova Taberna Ingleza era “Um restaurante simples, elegante, confortável …. Uma casa onde o freguês estivesse bem e à sua vontade”. Acrescentando: “que “aceita às suas mesas todas as classes da sociedade quando elas se apresentem com decência e ordem”. 

O pequeno almanaque incluía um calendário com os meses e identificação dos santos por dias; uma pequena história intitulada “Um bom conselho”, em que aproveitava par realçara a qualidade da sua comida; provérbios relacionados com a alimentação e terminava com uma poesia-oração “A devoção do Barqueiro”.

Como diziam no início, a oferta do Almanaque era uma prova de reconhecimento às pessoas que, “com a sua visita tem honrado a Taberna Ingleza".



[1] Tinop. Lisboa de Outros Tempos. 1889: 127.

[2] Novo guia do viajante em Lisboa, Cintra, Collares, Mafra, Batalha, setubal, Santarem, Coimbra e Bussaco. Precedido d'uma introd. de Julio Cesar Machado. 1880.

 

 

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Convite: Apresentação do livro "Receitas Particulares e Curiosas no MNMC

É já na próxima 5ª feira a apresentação do livro "Receitas particulares e Curiosas" da família Coelho Villasboas , baseado em manuscritos culinários dos descendentes da família.  

Trata-se de registos da primeira metade do século XIX da região Norte, onde a família viveu e que inclui as cidades do Porto, Vila Nova de Gaia, Viana do Castelo e Ponte de  Lima.

Para quem puder e quiser ir, lá os aguardo.


sábado, 30 de março de 2024

Luís de Sttau Monteiro nos "Sabores da Escrita", em Coimbra

 

Para comemorar o 25 de Abril, num jantar como as características dos “Sabores da Escrita” quem melhor do que relembrar a figura de Luís de Sttau Monteiro.

Aliando as características de um gastrónomo às de um defensor da liberdade da escrita, farei uma pequena apresentação da sua actividade, na Escola Hoteleira em Coimbra.

Apoiando-me no texto do meu livro Luís de Sttau Monteiro Gastrónomo, farei uma curta apresentação sobre este tema. Segue-se um jantar com receitas de Sttau Monteiro, adaptadas aos dias de hoje, que promete boas surpresas.

Aqui fica o convite e a ementa. Apareçam.