sexta-feira, 20 de maio de 2016

Banquete comemorativo do nascimento de Pasteur

Festejar o centenário do nascimento de alguém é seguramente um bom indício. A memória dos homens é curta, pelo que as excepções devem ser valorizadas. No caso de Louis Pasteur que nasceu em 27 de dezembro de 1822, os franceses foram pródigos nas comemorações do seu centenário.
Para o grande público é sobretudo a pasteurização que se associa ao seu nome, isto é, o método utilizado para destruir microrganismos patogénicos dos alimentos e que este cientista implementou em 1864.
Comemorações do centenário de Pasteur. Foto Galica.
Mas devemos-lhe muito mais. Para além das descobertas no campo da química, foi responsável por estabelecer uma relação entre as bactérias e a infecção, cuja compreensão levou à redução marcada de infecções cirúrgicas e outras e à redução das contaminações. Mas descobriu também o método de atenuação dos vírus que levou à produção de vacinas, a primeira das quais contra a raiva.
Quando morreu no dia 28 de setembro de 1895, em Villeneuve, em França, tinha já contribuído para mudar o mundo e a forma de o compreendermos.
Inauguração da Galeria da Batalhas
O banquete do centenário teve lugar no dia 28 de Maio de 1923 no palácio de Versalhes, na galeria das Batalhas, e foi servido pela conceituada Maison Charvin de Paris. 
A decoração floral ficou a cargo dos laboratórios Georges Truffaut, de Versalhes, químico, descendente de uma família de jardineiros, cuja formação o tornou perito na alimentação de flores para as tornar mais belas.
De cada lado da mesa central, a mesa de honra, dispunham-se os outros convidados num total de 30 mesas para cada lado, preenchendo quase totalmente a grande sala.
Esta ementa pertenceu a madame Joséphus Jitta, uma holandesa, que tinha lugar na mesa 7, seguramente com o seu marido. Este chamava-se Nicolaas Marinus Josephus Jitta, conhecido por Dr. Josephus Jitta (1858-1940) e foi um médico holandês judeu, que exerceu também funções de vereador para o partido liberal e que teve uma intervenção importante na saúde pública, na higiene municipal, e de protecção aos órfãos pobres em Amesterdão. 
Dr. Josephus Jitta
Por coincidência defendeu tese sobre hemoglobinemia e hemoglobinúria (um tema da minha área profissional), em 1885. Contudo a sua actividade foi sobretudo no campo da oftalmologia. Deve ter sido o seu papel como higienista que lhe valeu o convite para estar presente neste jantar de homenagem a Pasteur.

A sua ligação a França foi grande tendo chegado a receber uma medalha como comandante da Legião de Honra da França. Possuía uma grande colecção de objectos curiosos e de obras de arte, parte dos quais foram vendidos em França, num leilão em 1883, mas em 1934 fez uma importante doação aos museus de França de várias obras de arte.
Como a ementa veio parar a Portugal não faço a menor ideia. Mas não podia ter ido parar a melhor mãos, porque me permitiu divulgá-la. Aqui fica o registo.

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