domingo, 20 de março de 2016

Campbell's soup: um lata icónica

No final do século XIX as sopas enlatadas faziam o seu aparecimento comercial. É verdade que foram precedidas pelos trabalhos sobre conservação dos alimentos em vácuo levados a cabo por Nicolas Appert, em França, feitos a aprtir de 1790. Mas então os alimentos apresentavam-se em frascos.
Ladies Home Journal 1923
Em 1810 o inglês Peter Durand registou um novo método de conservação em latas seladas que iria modificar a industria alimentar. Nas décadas seguintes o método chegaria à colónia inglesa australiana e aos Estados Unidos.
Em Portugal a fábrica a vapor de José da Conceição Guerra, fundada em 1894 em Elvas, produzia sopa juliana e afirmava ser então a única em Portugal. Esta firma, mais conhecida pela produção e comercialização de frutas, em especial a ameixa de Elvas, apresentou uma grande variedade de embalagens, mas no que respeita às destinadas a sopa nunca vi nenhuma e desconheço de que material seriam feitas.
Nos Estados Unidos, em 1897, John T. Dorrance, um químico que havia estado na Europa, inventou a sopa condensada para a Companhia de Sopa Campbell, em que após a adição de água era possível obter rapidamente uma sopa. Esta empresa, que também era conhecida de forma abreviada por Campbell's, havia sido fundada um ano antes por Joseph A. Campbell e Abraham Anderson, para produzirem vários tipos de alimentos enlatados. Em 1898 os rótulos das latas, por sugestão de Herberton Williams, passaram a apresentar-se nas cores encarnado e branco que as tornariam famosas.
A publicidade em revistas americanas das décadas seguintes mostram-nos donas de casa felizes a darem essas sopas aos seus filhos, representados com rostos risonhos.
A cultura americana, conhecida pelo pouco apreço pela comida caseira, rapidamente adaptou este produto industrial, a par de muitos outros e transformou-o num sucesso.
 
Na década de 1940 surge uma nova campanha publicitária às sopas Campbell's agora dirigidas a homens, a fazer lembrar-nos aquele anuncio a um bacalhau pré-peparado, vendido em Portugal nos anos 70-80, cuja embalagem dizia «destinado a homens temporariamente sós».
É provável que Andy Warhol fosse um apreciador do paladar das ditas sopas. Era-o pelo menos da estética das suas embalagens. E em 1962 utiliza a representação monótona, repetitiva, mas igualmente variada, das 32 das variedades de sopa existentes e reproduz o conjunto em serigrafia, numa manifestação de pop art. 
Ainda na década de 1960 e nos anos de 1970 retomaria este tema, em cores variadas, que a própria fábrica, com sentido de oportunidade, viria a comercializar mais tarde em edição limitada.

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