quarta-feira, 3 de abril de 2013

Os licores cordiais

  

A Pharmacopea Lusitana, uma importante obra médica portuguesa do século XVIII, da autoria de D. Caetano de Santo António que foi responsável pela Botica do Convento de S. Vicente de Fora, ajuda-nos a compreender a utilização dos medicamentos à base de álcool, como os licores, dos xaropes e julepes e do seu papel terapêutico como cordiais ou estomáquicos.

A expressão «cordeal» aplicava-se a medicamentos que faziam bem ao coração e a de «estomáquico» definia que era bom para o estômago.

Estas características eram atribuídas aos licores na sua fase inicial, em que foram utilizados como medicamentos. A designação de cordial surge ainda aqui neste anúncio de 1914, mas iria deixar de ser usada mais precocemente. Pelo contrário perdurou na língua inglesa onde se continuam a designar os licores por “cordials”.
 A segunda imagem é de uma publicidade, discretamente apresentada como notícia, publicada na revista Modas e Bordados de 1941, quando era sua directora Maria Lamas. Tratava-se do «Cordeal de Vitacola» a que se atribuía um rico paladar a velho vinho do Porto sendo recomendando um cálice após o jantar. Apresentado em garrafas era «vendido nas boas mercearias, drogarias e farmácias». Este licor era um produto do Laboratório de Química Luso-Alemã, que produzia desde 1935 o «Vitacola: poderoso tónico restaurador enérgico, muscular e cerebral».
Quanto à designação de «estomáquico» ou «estomático» seria substituída a partir das primeiras décadas do século XX pela de «digestivo», que sublinhava o seu efeito auxiliar na digestão, quando tomado após esta.
Esta ideia não é tão absurda como parece e na prática muitas pessoas o confirmam, como descobri há dias numa conversa com pessoa amiga.

2 comentários:

-pirata-vermelho- disse...

Que artigo tão engraçado.
E escorreito!


Beijinhos de congratulação,
cordial...

Ana Marques Pereira disse...

Pirata vermelho,
Cordiais saudações. Bj