quinta-feira, 24 de maio de 2012

Na pista do macaco da Kellogg's

Esta caixa de Corn Flakes da Kellogg's arrastou-me para o interessante mundo das mascotes em publicidade.
Como acontece com muitas das descobertas, foi por acaso que, em 1894, o médico John Harvey Kellog descobriu os flocos de cereais. Adventista e defensor de um regime alimentar vegetariano a aplicar aos seus doentes procurava um novo alimento para reforço alimentar quando, um acaso, o levou à secagem excessiva dos seus cereais. Ao pressioná-los fragmentaram-se em flocos. No ano seguinte pediu o registo de patente destes flocos que foi aprovada em 14 de abril de 1896.
Foi o seu irmão Will Keith Kellogg quem, em 1906, fundou em Battle Creek uma empresa que, em 1922, se passaria a designar Kellogg’s.
Desde o início a Kellogg’s investiu em publicidade para divulgar os seus produtos, mas foi sobretudo após a 2ª Guerra Mundial, no período “baby boom”, que esta se dirigiu especificamente às crianças. Para isso foram criadas várias mascotes, associadas aos diferentes produtos, que apresentavam a forma de simpáticos animais humanizados. Estas foram contudo diferentes nos vários países.
Se bem que em Inglaterra estes cereais tenham sido comercializados em 1922 só em 1938 surgiu a primeira fábrica, em Manchester.

Quando olhei para esta caixa de flocos, que conseguiu sobreviver até aos nossos dias, procurei saber a sua data uma vez que não possui a tampa superior.
Trata-se de um a embalagem de flocos produzida em Manchester que apresenta uma oferta que é uma máscara de macaco que se obtém por corte da imagem e recorte dos picotados. Pensei inicialmente que se tratava do macaco «José». Este apareceu em 1958 na campanha do Choco Krispies e durou pouco tempo, sendo substituído pelo elefante Choco.
 Nos anos seguintes foram várias as mascotes deste produto: o leão Snagglepuss, o homem das cavernas Ogg (1967-70), o elefante Tusk, três meninos Snap, Crackle e Pop (1981). Por fim regressam ao Coco mas este já não se parecia com um elefante mas sim com um macaco. Isto para resumir que o macaco José estava de volta mas agora com nova imagem e nome. No entanto todas estas personagens se aplicavam ao tipo de flocos de chocolate.
Outras mascotes acompanharam as caixas de flocos. Menciono os mais famosos como o galo Cornelius (1957), que conhecem pela imagem com corpo verde e crista vermelha e o tigre Tony criado em 1957 por Leo Burnett Co., humanizado nos anos 70 e que se mantém nas embalagens até hoje.
Como estratégia de marketing a Kellogg's foi a primeira a introduzir prémios em caixas de cereais. Mas eis que surge o problema da obesidade infantil. Já não era aconselhável insistir com as crianças para comer e em Junho de 2007 a Kellogg's anunciou que até o final de 2008 iria parar com a publicidade para crianças com menos de 12 anos.
Em Portugal foi publicado o Decreto-lei n.º 291/2001 que regula os brindes nos pacotes de forma a diminuir os acidentes, a que se seguiu o Decreto-lei Nº 43 de 2011 que exige que estes venham em embalagens separadas.
Mas voltemos a caixa de cereais que despoletou esta conversa. Se fosse americana seria fácil saber a que ano pertencia. Existe na net uma lista de imagens por ano que as permite datar. Sendo inglesa não é provável que fosse o macaco José que não chegou à Europa. De lado pode ler-se que, para além desta máscara, existem outras de pirata, de cão e de senhora mascarada para  divertimento da família. Esta era outra forma de marketing: o jogo.
Em Portugal a Kellogg’s registou a sua marca em 1946, sendo os cereais de importação americana, o que também nos não ajuda.
Tomando como base a imagem da caixa, a idade do anterior proprietário e o lote em que esta se encontrava incluída presumo que se trate de uma embalagem da década de 1950 (>1940 e <1960).
PS. Lá de cima, do céu, o seu anterior possuidor deve estar a sorrir com o trabalho que me deu.

3 comentários:

Manuel Paula disse...

Boa noite Ana Marques,tenho acompanhado o "Garfadas" excelente Blog,para quem como eu se interessa por estas coisas,boas imagens,textos com muito interesse,baseados em
investigação cuidada.
Só me resta agradecer o seu serviço público que é disso que se trata.

Ana Marques Pereira disse...

Manuel Paula,
Obrigado. Vindo de si estas palavras têm mais valor.
Tenho estado à espaera das suas notícias. Cumprimentos

Ana Marques Pereira disse...

Manuel Paula,
Obrigado. Vindo de si estas palavras têm mais valor.
Tenho estado à espaera das suas notícias. Cumprimentos